Vivemos um período de incerteza global, marcado por instabilidade política e transições tecnológicas. Essa complexidade impulsiona o consumidor a buscar, acima de tudo, pertencimento, autenticidade e propósito. Por isso, a América Latina vem se consolidando como fonte de inspiração global; não apenas por sua criatividade, mas também por sua capacidade de inovar diante de desafios, promover inclusão e sustentabilidade e criar experiências autênticas que repercutem internacionalmente.

Assim como o Renascimento europeu (ocorrido dos século XIV ao XVI) marcou uma era de transformação intelectual e artística, hoje vemos um fortalecimento (ou renascimento) latino, fazendo com que o centro criativo do mundo  abandone o eurocentrismo e se abra para vozes plurais, histórias enraizadas e estéticas autênticas.

Nos próximos anos, o mercado globalizado e multicultural testemunhará um aumento no desenvolvimento de produtos e estratégias voltadas para a América Latina. Essa abordagem oferecerá oportunidades para aprendizado, cocriação e diferenciação.

A LIFEBRANDSCO tem acompanhado e analisado essa transformação há alguns anos, principalmente por meio de estudos sobre localismo, patrimônio cultural e herança criativa. Essa mudança é impulsionada por uma série de fatores culturais e estratégicos identificados . Esses são alguns deles:

  • Orgulho identitário: de acordo com a Ipsos, 72% dos brasileiros acreditam que é importante defender o país quando ele é criticado. Além disso, 84% da Geração Z latina se diz orgulhosa de sua origem e 76% afirma que ser latino diz muito sobre quem são.
  • Transformações econômicas e geopolíticas:  o avanço do nearshoring, a estratégia em que empresas aproximam sua produção e suas cadeias de fornecimento para países vizinhos, tem colocado a América Latina no mapa global de inovação e eficiência. Apontado pela LIFEBRANDSCO como uma das estratégias-chave para combater as tarifas, o nearshoring é mais do que uma decisão de logística: ele  reflete o fortalecimento de um senso de comunidade regional que valoriza conexões locais, narrativas compartilhadas e saberes coletivos.  
  • Economia criativa em ascensão: marcas, artistas, criadores e coletivos locais estão redesenhando padrões de consumo e cultura. Eles deixaram de buscar validação externa e passaram a influenciar, esteticamente e conceitualmente, o resto do mundo.

A América Latina nos holofotes

À medida que o mundo começa a se inspirar em novas potências criativas, como a América Latina, vemos seu impacto em diversos setores, do design até a tecnologia, gastronomia, moda e economia criativa.

   No mercado da moda, a Business of Fashion (BoF) incluiu a brasileira Kátia Barros, diretora criativa da Farm, e o colombiano Sebastián Díez, presidente da Inexmoda, na prestigiada lista BoF 500, que destaca as personalidades mais influentes da indústria de moda global. Já no segmento de alimentos e bebidas, o restaurante peruano Maido e o mexicano Quintonil foram reconhecidos entre os The World’s 50 Best Restaurants, um dos rankings mais respeitados do setor. Essa conquista reforça a culinária latina como veículo de expressão de identidade e inovação.

Na música, Bad Bunny fará história como o primeiro artista latino a sediar sozinho o Super Bowl – e ainda com um álbum inteiramente em espanhol. No cinema, esse movimento é ainda mais forte: em 2019, o filme mexicano Roma, de Alfonso Cuarón, conquistou três Oscars e apresentou ao mundo Yalitza Aparicio, primeira mulher indígena mexicana indicada a Melhor Atriz, simbolizando o poder de narrativas locais com impacto universal. Além disso, o Brasil volta a ganhar destaque com Ainda Estou Aqui, indicado ao Oscar 2025, enquanto o novo filme de Wagner Moura surge como uma promessa para as próximas premiações.